domingo, 17 de junho de 2012

OS PIRILAMPOS NO ALCAIDE




            Os pirilampos são animais nocturnos, que vivem nas pradarias, nas margens dos rios e ribeiras, nos campos agrícolas e nos jardins, com a seguinte classificação: Filo - artrópodos, Classe - insectos, Ordem - coleópteros, Família - lamperídeos.
Estes insectos apresentam características bioluminiscentes, com emissão de luz fria, de tipo fosforescente, produzida por uma substância designada «luceferina», que o próprio corpo produz e que, em contacto com o ar ou a água, produz uma luz, normalmente, amarela-esverdeada, mas que pode ir do verde ao vermelho, com grande libertação de energia luminosa e pouca libertação de calor.
            A luminescência é um aviso de toxidade para os predores e um sinal para o acasalamento, que acontece entre Maio e Setembro. 
            Na aldeia de Alcaide, concelho de Fundão, os pirilampos, na designação popular, «caga lumes» e «luzcus», parece terem desaparecido há cerca de algumas dezenas de anos. Nos últimos anos, foram observados, nos meses de Maio e Junho, num quintal na Rua de Santo António Nº 41, alguns exemplares que classificámos, provisoriamente, salvo melhor opinião, como Pirilampos Lampyris noctiluca e Lampyris iberica.
Na primeira semana de Junho passado, apareceram, no referido quintal, seis exemplares, que foram fotografados com algumas deficiências, por a objectiva não ser apropriada. Creio que não foram avistados exemplares em outros locais próximos. Naquela quintal, com dimensões exíguas, onde não entram quaisquer produtos químicos, pairam alguns pássaros, grilos e muitos outros insectos, entre os quais a borboleta Papillio machaon, lagartixas, osgas e, por vezes, ouriços-cacheiros, toupeiras e pequenas cobras.

            Os Pirilampos são agentes bioindicadores, pois, indicam a qualidade a as características do ambiente. São animais sensíveis às alterações ambientais, como poluição, destruição de vegetação, mudanças climáticas, etc.. São os primeiros seres vivos a desaparecer com aquelas alterações.
            Os insectos adultos, machos e fêmeas, têm cor cinzento-amarelada ou acastanhada, o corpo achatado formado por segmentos articulados, apresentando grande dismorfismo sexual. Os machos, com 1 a 1,5 cm de comprimento, com cabeça pequena, apresentam asas posteriores membranosas cobertas por asas anteriores rígidas. As fêmeas, com 1,5 a 2 cm de comprimento, apresentam os últimos segmentos do corpo totalmente luminosos.
            Existem cerca de dois milhares de espécies de pirilampos, algumas em que os machos voam piscando nos ares, à procura de fêmeas, que os atraem com a luz que emitem.
            Os pirilampos são carnívoros alimentando-se de lesmas, caracóis e vermes. Alguns autores referem que também comem ervas. Segregam um líquido, pela boca, que anestesia as presas e as liquefaz, limitando-se, depois, a ingerir a massa líquida.

Luminescência de pirilampo, foto tirada de noite sem flash.
Luminescência de pirilampo em foto tirada de noite sem flash; a parte dorsal com dois pontos luminosos, num segmento da parte anterior do corpo, dois pontos luminosos num segmento na parte posterior do corpo e os três últimos segmentos totalmente luminosos, próprios das fêmeas dos pirilampos Lamprohiza sp, Lamprohiza paulinoi e Laprohiza mulsanti.

Luminescência de pirilampo em foto tirada de noite, sem flash, parte dorsal, com alguma iluminação. Notam-se um dos pontos luminosos, na parte anterior do corpo, dois pontos luminosos, na parte posterior, e os últimos segmentos totalmente luminosos, como na foto anterior.

Lampyris iberica, fêmea, foto tirada de noite com flash.
Lampyris iberica, foto tirada de noite com flash.

 
Lampyris nocticula, larva, foto tirada com luz do dia.
Lampyris nocticula, larva, foto tirada com luz do dia.
Nyctophila reichii, fêmea, com asas rudimentares, foto tirada de noite com flash.